Sobre

Tendo em vista a conjuntura política atual, de pós golpe com avanço conservador, se faz necessária a construção de espaços que possibilitem a reflexão sobre a temática proposta. Quando colocamos como tema de discussão norteadora da semana: “Subversão, poder e os papéis da História”, estamos em primeiro lugar nos posicionando politicamente em torno das questões postas no mundo contemporâneo e que estão no cerne das discussões sobre a História, dentro e fora dos meios acadêmicos. Queremos, dessa forma, receber “em pleno rosto o facho de trevas que provém do seu tempo” (AGAMBEN, 2009). Podemos colocar que esse “facho de trevas”, que rasga a dimensão temporal e vem marcar passo no presente, se manifesta em crescentes ondas de conservadorismo, expressas em polarizações políticas e intensificação de opressões e preconceitos.

Carlos Drummond de Andrade, em 1940, iniciou o poema Mãos Dadas escrevendo: “Não serei poeta de um mundo caduco”[1], interpelando as relações estabelecidas naquele momento desencorajador. A licença poética nos permite parafrasear Drummond, adaptando-o ao nosso momento, igualmente desencorajador. Portanto, ao afirmarmos que não seremos historiadores de um mundo caduco, estamos nutridos de esperança, propondo espaços de resistência frente a um mundo que caminha rumo à “caduquice”.

[1] ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. São Paulo, Ed. Companhia das Letras, 2012.